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Mais sobre decolonialidade...

Atualizado: 28 de ago. de 2020

Assinam este trabalho de pesquisa e reflexão:

Felipe Rocha, João Paulo Medeiros, Angélica Tostes e Lucas de Francesco


Cinema Decolonial

As indicações de filme foram retiradas do Festival de Cinema Decolonial de 2019 de Macaé/RJ. O evento foi promovido pela UFPRJ e teve a apresentação de dezenas de curtas, documentários e longas. Selecionei aqueles que mais me chamaram a atenção para a pesquisa e os que estavam também disponíveis em plataformas gratuitas. No texto de indicação do festival diz que "a jornada modernidade/colonialidade foi responsável por gerar noções opressivas que precisam ser interrompidas, por isso precisamos descolonizar e refazer o mundo por imagens." Aproveitem!


A câmera de João: A partir da relação com o avô fotógrafo, João é um menino que descobre a fotografia como uma forma de descobrir sentimentos. Certa vez, o menino encontra uma caixa com fotos reveladas que registram a cidade, sua família, entes queridos, passado e presente. Essa descoberta faz com que João perceba seu amor pela fotografia.



As Balas Que Não Dei Ao Meu Filho: Um homem negro, pai, morador de periferia, policial. Ocorre uma ação policial no bairro onde vive e o filho adolescente desaparece. Este é o ponto de partida para As Balas Que Não Dei Ao Meu Filho.



POESIA: #ElasSim

Trincheira #ElasSim Drik Barbosa, Slam das Minas SP


Carrego a palavra Patuá 
Como quem anseia sorte 
Coloco ela à frente pra ter rumo Norte 
 
A mesma vira escudo, adaga 
Revide, morada 
É tipo ter um corpo feito de água salgada 
Se equilibrar nas próprias ondas 
Que teme tudo e não teme nada 
É aprender com o mar a retroceder e atacar 
 
Relembrar e saudar quem veio antes 
Angela, Conceição, Carolina, Maria e Clementina Sementes, buquês, Espertirina 
Compor poesia combustão 
Pra dar base aos pés e força nas mãos 
 
Decorar dialetos em yorubá 
Cantar cantigas para Odoyá 
E se preciso for 
Fazer poemas, mandingas 
Pra se auto resguardar 
 
Escrever para garantir o pão de cada dia 
Pedir benção pra quem já garantiu o pão 
Rezar pela cria que 'tá na barriga 
São simples os caminhos 
Da palavra proteção 
 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção 
 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção 
Planto sementes de fala pra crescer raiz palavra 
Reconheci essa força que me sustenta de forma sagrada 
Fiz da escrita minha espada mais afiada 
Mastiguei o verbo e te entreguei 
Como oferenda numa bandeja de prata
 
Navego verso livre na folha 
Quando o pensamento algema 
Deixo a correnteza fluir
E transbordo poema 
 
Me deram a caneta e eu escrevi 
Com o microfone não foi diferente 
Hoje registro a história que vivo aqui 
Pra evocar a memória de meus antecedentes 
 
Ouvi o chamado dos ventos 
Ouvi o chamado dos ventos 
Guardei um trovão no peito como talismã 
E escrevi meus próprios enredos 
Sob as bênçãos de minha mãe Iansã 
 
Girassóis quando inicio poema 
A sombra não me cabe 
Escrevo pra pincelar minha alma com outro tema 
Já escrevi sobre buraco e tecidos da vida 
O livro que me livra 
Espada de São Jorge na entrada é mandinga 
 
Hoje brota e diz 
Que é poesia no toco pra encher o oco 
A palavra me transborda a boca e escorre 
Até os meus pés e enlaça tudo o que sou 
Das águas do meu Ori à terra do meu sol Ora Yê Yé Ô no papel 
O que seriam das minhas mãos sem o mergulho da caneta? 
Para as que passaram e para as que virão 
Escrevo para estalos de espetáculos que fora outrora silenciados 
Me fiz poeta pra dar um bote nesse mundo 
Agora articulada e dona das minhas próprias palavras 
 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção
 
Chama, chama, chama, chama, chama 
Cheguei! 
Prazer, escritora 
Autodidata, geneticamente avançada 
Vigiando e sendo guardada 
Leoa da selva jamais enjaulada 
 
Na contra mão das linguagem 
Eu 'tô me lixando se os boy num entendeu 
Criptogragíria 
Não codificou? Esse é o mistério da quebra 
Moscou, o cabelo avuou 
 
'Cês me limita em letramento 
Onde a escola é treinamento 
De quem aguenta por mais tempo 
O não pertencimento 
 
Quando falar não foi uma opção 
Escrever foi salvação 
A palavra é proteção da nossa história 
E reconhecimento, antes não tinha autoestima 
Hoje folgada, vivona e viveno 
Bem colocada, armada de informação 
Cada pedaço meu é letra de funk e inspiração 
 
Palavra é palavra, memo no sentido amplo 
Não só conto, rima, verso ou prosa 
Proteção como palavra 
É pedir bênção pra sua vó 
Salve, dona Rosa! (Salve!) 
 
Filha da cachoeira 
Cria da cidade de concreto 
Falo alto, falo fino, falo mesmo 
Quando poemo, sinto 
 
Costurar palavras é arte de peito exposto 
Pulsando o eco da gente 
 
O oco do meu sexo não define o eu pessoa 
Silêncio não é palavra feminina 
 
A voz tem força 
Que a boca desconhece
Pensamentos versam e guiam o caminhar 
Poesia oração 
É alimento e armadura 
As letras que me vestem 
Rabiscam a fé que me ergue 
Mulher é bicho-gente 
Que sangra e que sonha 
Eu lírica, sou grande 
 
Minhas rimas são refúgio dever me chama 
Tudo em chamas, nós é salvação, chama! 
Somos coragem que inflama 
Língua Franca, palavra é proteção e manta 
 
Poesia que eleva, sou flor que liberta 
Me visto de amor, enfrento mundo 
Causo mudança de hábito 
Bem Lauryn Hill, na caneta ganho o mundo 
 
Minha fala é tática que muda estatísticas 
Que nos fazem vítimas 
'Tô tocando mais corações que cardiologista 
Minha fala é legítima 
 
Visto preto por dentro e por fora, bora 
Serena na quadra, marcando pontos 
Ritmo e poesia conto minha história 
Missão de curar toda vez que canto 
 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção 
 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo
É quem dá direção 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
É quem dá direção 
Revide proteção 
Escrita viva é munição 
Mulher, palavra pro mundo 
 
É quem dá direção 
É quem dá direção 
É quem dá direção 
É quem dá direção 
É quem dá direção 

MUSICALIDADES

Descolonizar, descolonizar-se, é uma estrada que caminho para o retorno como processo de ida ao futuro. É mudar a partir de onde se fala. É interessante pensarmos a decolonização a partir dos territórios que até hoje estão em conflito com a colonização e usam usas identidades também como arma de guerra. Vamos trazer pra partilha três discos:


O primeiro é de Virginia Rodrigues, que canta a partir da periferia de Salvador. Você pode ouvir aqui: https://youtu.be/rYDsTApFEQY


O segundo, na verdade, é um show de Mateus Aleluia, um grande mestre, que faz o diálogo Brasil Angola. Você pode ouvir aqui: https://youtu.be/l_tqq6xcrHk


O terceiro é um disco de cantos do povo Kapinawá. O povo sertanejo é muito sincrético, é muito comuns elementos da espiritualidade indígena mesclado com elementos cristãos e também os vindos da África. Esse disco é muito a espiritualidade sertaneja. Ouça aqui: https://youtu.be/BeS7kPvVhKs





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